Fado de Coimbra

sexta-feira, outubro 15, 2004

Lufada de Ar Fresco

Nos tempos que correm são poucos os interpretes de canto da Canção/Fado de Coimbra. A evolução que se propagou em termos de ensino da guitarra e da viola faz com que actualmente estes dois instrumentos tenham valências suficientes para que se possa estar satisfeito com o resultado. Alguns dos exemplos acabados desta minha afirmação são jovens como Carlos Jesus, Ricardo Dias, Fernando Marques e Luis Oliveira, na guitarra, que explanam toda a sua virtuosidade, melodia e encanto, no doce dedilhar das cordas, produzindo elementos sonoros de uma beleza celestial e Paulo Larguesa na viola, exímio executante e que tantos nomes de relevo tem acompanhado.
No entanto a vertente do canto não foi acompanhada pelo mesmo progresso que as muitas escolas de guitarra e de viola têm produzido. À parte de também não haver quem o ensine, exceptuando a Secção de Fado da AAC e a escola da Associação Cultural "Coimbra Menina e Moça" , o problema prende-se também e essencialmente com a falta de jovens com vontade de aprender. A Canção/Fado de Coimbra não lhes toca...portanto não pega. Se o canto se tornar ponto de atracção algo poderá mudar.
Outro dos enigmas é a não participação das mulheres. Este é sem dúvida algo que, embora já discutido em inumeros colóquios, está a emprerrar a dimensão desta forma de canto. Porquê? Porque não mulheres a cantar Fado de Coimbra? Quem teve oportunidade de ouvir algumas das vozes femininas que estiveram na Grande Noite da Canção de Coimbra, no passado dia 10 de Julho, comprovou o quanto alguns estão redondamente equivocados, quiçá um pouco descontextualizados.
Os tempos são outros! A forma não pode ser sempre a mesma!

7 Comments:

  • At 8 de março de 2005 às 00:37, Blogger Octávio Sérgio said…

    Concordo inteiramente com o conteúdo do texto. No aspecto guitarrístico, tudo vai bem - acrescento aos nomes referidos o de Paulo Soares - pois as escolas estão a actuar em grande.
    Quanto às mulheres, por que não devem cantar? Se gostarem e tiverem capacidade para isso, devem fazê-lo. Já há bons exemplos.
    E o mesmo se diz para a execução guitarrística. Neste ponto também já não estamos mal servidos. Há valores a despontar.

     
  • At 14 de dezembro de 2005 às 21:52, Blogger MT said…

    É de facto uma pena que não apareçam novas gerações a cantar e tocar Fado/Canção de Coimbra, mas eu tenho 28 anos e conheço muita gente da minha idade apaixonada por este tipo de música.
    Quanto às mulheres cantarem, folgo saber que já existem algumas, mas confesso, como cantora e como amante deste género musical, que tenho algumas reticências e até mesmo vejo dificuldades técnicas ao nivel timbrico da voz feminina, quando comparado ao timbre tipico masculino deste tipo de canção.
    Mas adorava ouvir, porque eu própria enquanto mulher, académica e cantora, gostava cantar (bem) o Fado/Canção de Coimbra.
    Bem como ajudar no processo de Candidatura a Património Oral Imaterial da Humanidade.

     
  • At 24 de dezembro de 2005 às 23:01, Anonymous Anónimo said…

    O Fado de Coimbra, ou antes, Fado Académico é um fado para interpretação masculina. Já vemos alguns a cantar ao jeito de Lisboa (só falta o capachinho), não vamos dar mais uma machadada no Fado de Coimbra ao pôr as mulheres a cantar. Isto não é machismo, é antes a preservação de uma tradição com identidade e características próprias.

     
  • At 26 de janeiro de 2006 às 20:29, Blogger Subbuteiro said…

    Aproveito para perguntar onde posso ter aulas de canto para fado/canção de Coimbra?

    Agradecia uma ajuda.

     
  • At 26 de julho de 2006 às 12:59, Anonymous Anónimo said…

    Porque não coinvidam para ouvir realmente fados novos e nova voz?
    Pode ser onde quiserem, na Capella, na Diligência, em Santa Cruz... convidem lá, paguem e façam a crítica... porque fazer só esta não dá. As lufadas de ar fresco, sobretudo em tempos de ozonite... são caras...caras, como quem diz. Vamos lá aparecer... Fico à espera do convite.
    ptcloister@yahoo.com

     
  • At 26 de julho de 2006 às 13:05, Anonymous Anónimo said…

    Será que já conhecem a "ode perpétua"... ora vamos lá a ficar com o nome na orelha... completamente novo e com projectos de alto valor...para quando um concerto em Coimbra?

    No Gil ficaria a "matar"

    OP

     
  • At 25 de junho de 2008 às 03:41, Anonymous Anónimo said…

    não sei até que ponto as vozes femininas se ajustarão ao fado de coimbra. não é que as mulheres não tenham potencial para o fazer, mas creio que podem vir a desvirtuar um pouco o conceito. não digo que não seja possível uma transformação dessas, mas desconfio dos resultados. partilho da opinião de que nos últimos anos não se tem assistido a grande evolução no canto de coimbra, o que me parece ser resultado da promoção de valores errados na área do ensino do canto de coimbra, que se está a tornar demasiado orientado para um canto quase lírico, que, a meu ver, não é o que se pretende. o culto de que luiz goes (dentro da secção de fado da AAC) foi o únicocantor de coimbra realmente bom parece-me errado. foi óptimo, é certo, e o melhor, provavelmente, mas não é só com ele que se podemos aprender. zeca afonso, adriano correia de oliveira, josé manuel dos santos, antónio menano e antónio bernardino, Edmundo Bettencourt, entre outros, apesar das suas limitações, técnicas ou de outra natureza, merecem ser ouvidos com muita atenção.
    deixo aqui no ar uma pergunta: onde encontrar CDs de Manassés de Lacerda?

     

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