Fado de Coimbra

sábado, fevereiro 26, 2005

CHAMEM-LHE O QUE QUISEREM, MAS CRIEM-NO

Ou muito me engano, ou aquilo a que uns continuam a chamar “Fado de Coimbra”, outros rebaptizaram de “Canção de Coimbra” e outros ainda refundiram nas mais variadas formulações, vai simplesmente morrer de ... pasmo. Se antes não morrer de inanição, claro. O panorama musical coimbrão, no que respeita à velha arte estudantil, não passa de um contínuo marasmo revivalista, onde se sucedem, a preto e branco, todos os clichés que fizeram moda, ao gosto dos intervenientes. Algo semelhante a um lago de margens verdejantes e aprazíveis, mas onde a água está tão quieta que dela emana um cheiro levemente desagradável. Se apurássemos o olfacto, sentiríamos na verdade o odor pútrido de um cadáver em decomposição.

Salvo honrosas excepções, Coimbra deixou de ter criadores de canções, de poetas/letristas, de ser um alfobre de novas ideias, novas estéticas, novos desafios. Não me lembro já da última vez que ouvi um tema novo com inspiração coimbrã e os mais recentes são sobretudo produto de algumas “velhas glórias” que teimam em garantir que estão vivas. Não falarei dessas excepções, salvo para reforçar que são indesejáveis, que devem desaparecer, enquanto tais. A regra deve ser a criação, o desafio, o risco, a ousadia, a urgência. E pouco importa o nome do que surgir dos dedos e gargantas dos criadores. Chamem-lhe o que quiserem, mas criem-no.

Aníbal Moreira

5 Comments:

  • At 31 de agosto de 2005 às 00:30, Blogger Peliteiro said…

    Como tudo o mais em Portugal, curto-circuito, sempre os mesmos, dogmas, quintais, castas, enfim... mediocridade.

     
  • At 10 de março de 2006 às 15:18, Anonymous Anónimo said…

    Meu caro Aníbal Moreira:

    Concordo em absoluto consigo: O marasmo cultural em que se tornou esta cidade, impede a circulação de ideias novas e de coisas novas. Á força de meterem o fado de Coimbra numa redoma, vão acabar por o tornar numa coisa bafienta, sem alma, bolorenta. O fado quer-se moderno, interventivo, que reflita nas suas letras a realidade social da época em que se insere. Sem colocar de lado as músicas antigas, todas elas bonitas, tem que se modernizar o fado de Coimbra. Só assim ele pode chegar a outro tipo de público e dar o salto. De contrário, acabará por se fechar numa concha e morrerá.
    Um abraço do Cortes

     
  • At 19 de outubro de 2008 às 01:08, Anonymous Anónimo said…

    conimbricense e não coimbrão...

     
  • At 16 de janeiro de 2010 às 18:38, Anonymous José Querido said…

    Ao contrário do que aqui se expressa, o Fado/ canção de Coimbra está vivo e bem vivo. Só quem anda "ausente" ou distraído é que pode afirmar o contrário.
    Sabe o autor do texto quantos "grupos" actuam actualmente?
    Não, não sabe. Mas também não lhe digo. Informe-se.
    Aliás, só um inimigo de coimbra e da sua academia pode escrever um comentário tão bafiento.

     
  • At 26 de junho de 2011 às 02:35, Blogger accmm@cbr said…

    Vamos ser objectivos nos nossos comentários. Nem tudo o que se canta por Coimbra ou de Coimbra é Fado de Coimbra. Talvez alguns, muitos, o queiram saber interpretar, mas, manifestamente, só alguns o saibam explanar e emocionantemente tirem partido dessa componente interprete/emoção que personificam esta expressão musical. Temos de nos focalizar num conteúdo de qualidade e não de quantidade. Não temos matéria prima para tal. Venha aprender Fado de Coimbra.

     

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